A congada é uma festa cultural e religiosa afro-brasileira que mistura dança, canto, coreografia, espiritualidade de matrizes africana e cristã, especificamente católica, as quais podemos denominar como Sincretismo Religioso. Esta manifestação cultural do Brasil chamada de congado, ou congo, ou bailado do moçambique trata-se de uma festividade, a qual celebra com cantos melancólicos e dramáticos a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e em memória as santidades, como uma forma de relembrar seus antepassados. Os festejos têm duração de um dia a uma semana. De acordo com estudos sobre a origem do Congado, são celebradas as boas Colheitas, a Coroação de um rei africano, a figura de Chico Rei, a luta entre cristãos e mouros e a libertação dos escravos pela Princesa Isabel.
Com isso surgem as chamadas guardas, grupos ou ternos de congo. Segundo a história, ocorreu com a aparição de uma imagem de Nossa Senhora do Rosário e outros santos no mar, alguns dizem em uma floresta, outros em uma caverna, conforme narrado de pai para filho. A aparição das imagens é uma lenda que faz parte da manifestação da congada. Nessa lenda, as imagens de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia aparecem em um local e vários grupos de pessoas brancas colonizadoras tentam retirá-las do lugar, mas as imagens não são alcançadas por eles, tudo que fizeram não conseguiram resgatá-las. Um grupo de escravizados, denominados de Terno de Congo, vão até elas, cantando e dançando, e conseguem trazer as imagens de Santa Efigênia e São Benedito, porém não são dignos para trazerem Nossa Senhora do Rosário. Outro grupo veste saias, gungas, chocalhos, homens, mulheres e crianças denominam-se Terno de Moçambique, o qual canta e dança com reverência trazendo a Imagem de Nossa Senhora do Rosário, também chamada de Nossa Senhora dos Pretos.
Os instrumentos musicais do congado utilizados são: cuíca; caixa ou tambor; pandeiro; reco-reco; cavaquinho; viola; violão; tarol; tamborim; ganzá; gunga; sanfona; rabeca; violino; acordeão e chocalhos diversos.
Chapéus coloridos com fitas e arranjos, lenços, boinas, faixas, calças, camisas de cetim colorida, e é marcante no moçambique o uso de saiotes. Os calçados podem ou não ser usados. Alguns ternos tradicionais permanecem descalços pela tradição religiosa, já os modernos usam calçados e cor padronizados. Além disso, há os enfeites nos chapéus e caixas/tambores que trazem alegria, e beleza aos instrumentos, isso é utilizado para distinguir um terno do outro, em alguns locais o terno usa a mesma cor nos enfeites. O chapéu de congadeiro é confeccionado com chapéu de palha, do tipo duas palhas, são usadas: linhas, agulhas para costurar as fitas ou linhas e cola quente de silicone. Os chapéus podem ter as abas dobradas na frente ou ficarem retas, as fitas multicores ficam 20% a menos que a altura do congadeiro, para que ele não pise na fita ao dançar, tendo no mínimo 50 fitas ao redor do chapéu. O Chapéu é individual, cada um enfeita como quer. Alguns ternos adotam cores padrões para facilitar a identificação de seus integrantes. Além das fitas, usam-se diversos adereços, todavia alguns usam luz de led. As caixas de congo são enfeitadas para melhorar a evolução na dança do terno, então utilizam TNT colorido, plásticos coloridos e papel crepom. Em nossa cidade, os congadeiros preferem o papel crepom apesar de pouca durabilidade, pois no momento da evolução da dança dá maior volume.
Nas congadas de outras regiões, os ternos usam caixas ou tambores sem adornos, no entanto é da cultura de São Sebastião do Paraíso usar as fitas no tamborim, violão e pandeiro, as quais são de tamanhos variados de acordo com o instrumento.
Em São Sebastião do Paraíso, a festa começou em colônias de antigos senhores de escravos, chamados Coronéis. Portugueses, posteriormente vieram à cidade estando presente no município há mais de 200 anos. Um ponto a ser mencionado é a chegada dos Italianos, para trabalharem nas lavouras de café. Esses se integraram as festas do Congado. Em algumas localidades, foram inseridos outros santos católicos de acordo com a religiosidade, como em São Sebastião do Paraíso foram acrescentados Santa Catariana, São Domingos, São Jerônimo, Santa Isabel e São Sebastião. A preservação do bem cultural acontece por meio da manutenção dos saberes, os mais velhos repassam os conhecimentos aos mais jovens oralmente, nos dias que acontece a festa ensinam a prática como rituais, os detalhes a respeito das vestimentas e instrumentos. É comum membros da família herdarem funções importantes nos ternos.
Membros do reinado relatam que os mais jovens têm interesse em aprender e a continuarem a repassar a tradição. É de extrema importância a preservação do patrimônio, para que as pessoas conheçam sua história e origem, construam sua memória. O resgate de lembranças contribui para a escrita da história de uma sociedade.
O Grêmio Recreativo Terno de Congo Ipiranga foi fundado em 1.985, tendo como padroeira Santa Isabel. Idealizado por Tio Eurípedes, João Paulo, Senador e outros colaboradores, sua criação e nossa história está prestes a completar 40 anos de existência, com muita fé, religiosidade e alegria contagiante de um grande grupo de amigos que se estende a todos os seus participantes e admiradores.
A presidência é de Luiz Divino Fonseca (Luiz Macaco) e o terno tem como Capitães: Mikol Costa, Robison, Cidão e Jucelino..
O Ipiranga é um terno de Congo que já nasceu grande surpreendendo até mesmo os seus dirigentes da época de sua criação. João Batista Pereira e José de Castro Rodrigues estão entre seus fundadores.
O Grêmio Recreativo Ipiranga é a associação do Terno de Congo Ipiranga e da Companhia de Reis Sagrada Família-Ipiranga. O terno foi registrado em 1989, no entanto o grupo Ipiranga, já existia através do time de futebol Ipiranga, de onde originou a maioria das famílias de congadeiros. O terno a princípio saiu com instrumentos emprestados, com cerca de 70 membros, sendo alguns congadeiros de outros ternos. Devido outros ternos já possuir em suas bandeiras homenagem aos santos da congada, foi escolhida Santa Izabel como guia.
Atualmente o terno é composto por mais de 400 componentes entre homens, mulheres e crianças. Nas apresentações durante o dia possui entre 30 a 50 membros no acompanhamento de reis e rainhas e cumprimento de promessas e chega a 300 membros nas apresentações noturnas.
Com mais de 25 anos de existência o Grêmio Recreativo Terno de Congo Ipiranga é uma das maiores expressões da Congada em São Sebastião do Paraíso. Superação é uma das características marcantes do terno que é formado integrantes de diversas famílias oriundas da região da Vila Dalva, Conjunto Monsenhor Mancini, Vila Formosa, Verona, Vila Ipê, Jardim São José e São Genaro. Contudo, o Ipiranga recebe em seu meio participantes de toda a cidade e inclusive de pessoas de outras cidades.